"Lá no alto mar a tempestade desabou
Entre raios e trovões o nosso sonho afundou
E nada mais restou, além daquele desejo insano
De com apenas nossos braços cruzar o oceano
Cada um por si, fique preparado
Estamos tão famintos e boiamos esgotados
Mas quase afogando, o desejo não termina
Pois navegar a esmo, talvez seja a nossa sina."
Marcelo Nova
Sócrates,
Platão, Aristóteles, São Tomás de Aquino, Descartes, Kant, Nietzsche, Sartre, Baixaria,
Jesus (este último não é aquele de Nazaré, mas de Farroupilha), entre outros
filósofos da nossa peculiar espécie, sempre se depararam e tentaram responder
alguns questionamentos simples, mas que nos instigam desde que nosso cérebro ficou
maior do que deveria. O que posso saber? O que devo saber? O que é real? E se
nossa vida fosse uma farsa? Como seria nossa reação ao descobrirmos que sempre
vivemos em uma mentira? Aprofundando um pouco mais: se for uma farsa, o que há
de errado nisso, se ela for boa? Essas e outras questões mais não cansam de nos
atazanar.
Há quem presuma
como verdadeira uma teoria específica da mente amplamente conhecida como
materialismo redutivo: a visão de que os estados mentais podem ser reduzidos a
estados físicos. Em resumo, se definimos que real é tudo que pode ser cheirado,
tocado, provado e visto, então real é simplesmente um sinal elétrico
interpretado por nosso cérebro. A maioria das pessoas normais (quero dizer, não
historiadores nem filósofos) tendem a concordar com isso. Permita-me viajar um
pouco mais...
Ainda não
tenho certeza de que meus sentidos não estão me enganado. O que garante que eu,
nesse exato momento, estou sentado numa cadeira de praia escrevendo esse texto
e vendo meu cachorro dormir? Meu tato? Minha visão? Minha audição? Talvez.
Aliás, é bem provável que tudo isso seja real mesmo. Apesar de não ter, assim
como muitos, a certeza absoluta de que isso tudo é verdadeiro, tento ter a
mesma fé do Silvio Santos: se eu vejo, acredito.
Iria ficar
profundamente decepcionado se descobrisse que o show do Marceleza, que tive o
privilégio de assistir ontem à noite, não foi real. Acho até que não suportaria
essa notícia. Algo tão intenso não pode ser meramente uma ilusão programada por
um computador. Nossos cérebros não podem estar boiando em uma piscina de
material tóxico, onde algo os estimula a permanecerem ativos, sabe-se lá por
que motivo. Não, não. Isso não pode ser mais real do que aquele show. É muita
loucura. Nem vem...
Por outro
lado, são inacreditavelmente surreais algumas sensações que nosso corpo nos
proporciona em certas ocasiões. Não falo em específico da minha experiência
recente, mas de outras situações também. Como descrever tamanho estado de êxtase?
Será que esse estado nos é proporcionado único e simplesmente pelo estímulo de
nossos sentidos? Tenho a impressão que, se nossos sentidos às vezes falham pra
pior, nesses momentos eles superdimensionam nosso prazer. E isto não precisa
ser real.
Aí está o
sentido da vida...
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