quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Devaneios en Uruguay

La vida és bella!

Sim. A vida é linda Lema.

Viajar nos ensina muita coisa. Mais do que se possa imaginar. Sério.

Uma das coisas que se aprende é que quanto menos grana temos, mais amigos conhecemos. Fico imaginando o quanto se perde ao se viajar com muito luxo, escolhendo os melhores hotéis (17 estrelas...), ou conhecendo pontos turísticos com guias (devidamente pagos). Nunca fiz uma viagem regada a esses “luxos” (nem teria como), mas a reflexão é sempre válida.

Ninguém paga a emoção/apreensão de viajar de carro para outro país com um roteiro que muda a cada 2 horas. Me lembro como se fosse agora. A tão esperada chegada a Montevidéu.

- E aí Lema, qual o endereço do hostel? - Perguntei convicto de uma resposta pronta e exata.

- Não sei. – Respondeu Fábio. Prontamente. E tomou mais um gole de uísque.

Andar pelas calles da cidade sem destino.  A cada semáforo, uma pausa para respirar e esfriar a tensão, enquanto o catalizador esfriava o motor. Eis que em um deles (me permitam escrever  “o semáforo”, pois só poderia ser naquele) uma informação importante adentra pela ventana de lo coche: És por acá!

Bueno. Não vou me deter a detalhes, pois sei que estás escrevendo-os de maneira genial. Mas onde quero chegar é que o fato de não saber o endereço nos fez conhecer  la flanelinha loca. Si. No tienes como olvidar. Nem falo dos marinheiros e outras pessoas que fizeram ligações (creio que ligariam até para o Obama) para buscar o endereço do nosso destino.

Aprendemos mais. Se antes tínhamos dúvida entre escolher o conforto e a frieza que um hotel com quartos individuais nos oferece, ou um hostel, com alojamento compartilhado, já não a temos mais. Ainda não entendi bem qual é o universo que se instaura dentro deles. O que sei é que é paralelo ao mundo real. Viajantes do mundo inteiro, empunhando suas mochilas, suas bicicletas, como se fossem suas espadas em busca da conquista de um novo território. E os conquistam sempre. Conquistam-nos. Ainda que nem de longe, nos sintamos derrotados. Pelo contrário. Saímos mais fortes e sedentos por novos.

Não falei aqui nem um centésimo do que foi essa viagem insana. Talvez em um próximo texto eu comente algo sobre “El Baiano” e o dilúvio em Santa Tereza; como entrar e sair do camping sem não se perder: dicas e truques do Balbi; ou sobre a expulsão do hostel em Colônia (culpa da Fran e da Danni). Quem sabe ainda conte das noitadas em Buenos Aires, do holandês que estuda como as vacas brincam, ou do partyman... Viagens de barco pelo rio da prata, das incertezas dentro dele (será que pode fumar aqui?); ou um dia dentro do cenário do filme do Tarantino em Punta del Diablo. Mais certo é que escreva sobre todas as pessoas que fizeram disso tudo ser espetacular (inclusive o cara da aduana que não queria deixar que fôssemos brasileiros).


Sabemos agora que existem não só lugares para conhecer, mas principalmente pessoas. E elas também existem, no formato aonde só nossa utopia chega. Ou chegava. Estoy seguro.