La vida és bella!
Sim. A vida é linda Lema.
Viajar nos ensina muita coisa. Mais
do que se possa imaginar. Sério.
Uma das coisas que se aprende é que
quanto menos grana temos, mais amigos conhecemos. Fico imaginando o quanto se
perde ao se viajar com muito luxo, escolhendo os melhores hotéis (17
estrelas...), ou conhecendo pontos turísticos com guias (devidamente pagos).
Nunca fiz uma viagem regada a esses “luxos” (nem teria como), mas a reflexão é
sempre válida.
Ninguém paga a emoção/apreensão
de viajar de carro para outro país com um roteiro que muda a cada 2 horas. Me
lembro como se fosse agora. A tão esperada chegada a Montevidéu.
- E aí Lema, qual o endereço do
hostel? - Perguntei convicto de uma resposta pronta e exata.
- Não sei. – Respondeu Fábio.
Prontamente. E tomou mais um gole de uísque.
Andar pelas calles da cidade sem destino. A cada semáforo, uma pausa para respirar e
esfriar a tensão, enquanto o catalizador esfriava o motor. Eis que em um deles
(me permitam escrever “o semáforo”, pois
só poderia ser naquele) uma informação importante adentra pela ventana de lo coche: És por acá!
Bueno. Não vou me deter a
detalhes, pois sei que estás escrevendo-os de maneira genial. Mas onde quero
chegar é que o fato de não saber o endereço nos fez conhecer la
flanelinha loca. Si. No tienes como olvidar.
Nem falo dos marinheiros e outras pessoas que fizeram ligações (creio que
ligariam até para o Obama) para buscar o endereço do nosso destino.
Aprendemos mais. Se antes tínhamos
dúvida entre escolher o conforto e a frieza que um hotel com quartos
individuais nos oferece, ou um hostel, com alojamento compartilhado, já não a
temos mais. Ainda não entendi bem qual é o universo que se instaura dentro deles.
O que sei é que é paralelo ao mundo real. Viajantes do mundo inteiro,
empunhando suas mochilas, suas bicicletas, como se fossem suas espadas em busca
da conquista de um novo território. E os conquistam sempre. Conquistam-nos.
Ainda que nem de longe, nos sintamos derrotados. Pelo contrário. Saímos mais
fortes e sedentos por novos.
Não falei aqui nem um centésimo
do que foi essa viagem insana. Talvez em um próximo texto eu comente algo sobre
“El Baiano” e o dilúvio em Santa Tereza; como entrar e sair do camping sem não
se perder: dicas e truques do Balbi; ou sobre a expulsão do hostel em Colônia
(culpa da Fran e da Danni). Quem sabe ainda conte das noitadas em Buenos Aires,
do holandês que estuda como as vacas brincam, ou do partyman... Viagens de
barco pelo rio da prata, das incertezas dentro dele (será que pode fumar
aqui?); ou um dia dentro do cenário do filme do Tarantino em Punta del Diablo. Mais
certo é que escreva sobre todas as pessoas que fizeram disso tudo ser
espetacular (inclusive o cara da aduana que não queria deixar que fôssemos
brasileiros).
Sabemos agora que existem não só
lugares para conhecer, mas principalmente pessoas. E elas também existem, no
formato aonde só nossa utopia chega. Ou chegava. Estoy seguro.
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